Quero deixar claro uma coisa: eu escolhi ser professor, mesmo tendo a oportunidade de ser e fazer o que quisesse, meu encantamento pelo conhecimento, pelo aprendizado me amarrou com laços fortes à sala de aula.
Considero essa profissão uma das mais difíceis de se alcançar a realização, pois nosso material de trabalho é fundamentalmente o ser humano e por melhor que seja o planejamento, a organização, a aula e o material didático, a “magia” só acontece quando os seres envolvidos desejam que o aprendizado ocorra.
Entretanto, tenho um problema com a imagem que as pessoas tem desse ofício tão antigo. Associa-se o professor a uma figura sagrada, imaculada, tomada de virtudes, praticamente um sacerdote e aí está o grande problema: magistério não é sacerdócio, é profissão.
No campo do sacerdócio podemos encontrar elementos como sendo obrigatórios: caridade, dedicação em todos os momentos do dia, vocação – um chamamento superior, uma vida dedicada aos outros, um absenteísmo de si mesmo…
A dedicação de um professor ao desenvolvimento de seus alunos é necessária, mas não pode significar o abandonar da própria vida e outras questões, assim mesmo que o professor trabalhe em casa – planejamentos, correção de provas – ele deve receber e ter meios de que isso não ultrapasse os limites do saudável. Outra questão é achar que o professor deve fazer todos os sacrifícios, inclusive de sua própria saúde, em nome do ensino.
Discordo.
Um bom professor deve receber um salário digno para que não tenha que se submeter a três turnos de trabalho e chegue ao final de um ano sem nem saber o nome de seus alunos. Um bom professor deve ter tempo para ler, estudar, pesquisar, atualizar-se nas novas tecnologias, principalmente para trazer novidades e elementos que trarão dinamismo e entusiasmo a suas aulas. Um bom professor deve cultivar a saúde mental e física e não correr riscos profissionais quando enfrenta dificuldades dessa ordem.
Um bom professor busca sempre se aperfeiçoar, não estagna no tempo e no conhecimento.
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